Multitarefa interdisciplinar
Toda vez que me perguntam o que eu faço a coisa complica. A resposta é: “sou designer”. A reação de quem perguntou pode ser uma cara de quem não sabe o que é isso, ou a pessoa imediatamente presume que eu desenho ou ela pergunta “design do quê?”.
Ah, se fosse simples responder. Sou designer de sites, propaganda, material gráfico e de tudo o que fica no meio. Faço design de coisas que ajudam empresas a venderem seus eventos, serviços e produtos.
Você escreve propaganda? – Também.
Você fotografa produtos? – Também.
Será que isso faz de mim uma escritora e fotógrafa também? Por que me intitulo uma designer? Eu desenho, mas não sou artista ou ilustradora. Tudo isso limitaria a definição de designer. Um designer é mais do que um profissional criativo, é também uma pessoa que toma decisões executivas e faz um milhão de escolhas por dia que influenciam pessoas e seu entorno. É o que o povo da informática chama de processo iterativo: toma-se uma decisão, avalia-se o resultado e toma-se outra decisão como consequência disso. Lave, enxague e repita caso necessário.
Designers…
- Pensam como solucionar problemas.
Este é a meta, a força motriz ou motivadora por trás de um designer, mas o objetivo não é resolver problemas em geral e sim os problemas certos. Pode parecer óbvio, no entanto, é impressionante o número de pessoas que correm atrás do próprio rabo. Design Thinking é, na sua essência, uma forma estratégica de encarar o processo de buscar soluções para um problema. Se a definição de design é resolver um problema, então a definição de design estratégico é resolver o problema certo. Designers fazem os dois. - Pensam nos usuários.
A essência do processo de design não está no gerente de produto, no engenheiro, nem no marketing. Está sim no usuário final. Usuários são parceiros e co-criadores. Precisam ser compreendidos e não convencidos. - Pensam no contexto.
A contextualização é a melhor ferramenta. Colocar-se no lugar do usuário e acompanhar sua jornada confere uma experiência em primeira mão. Ao fazer isso necessidades e dores são compreendidas e descobrem-se oportunidades ao longo do processo como um todo. Aí entra o designer para corrigir o problema a partir da compreensão do porquê. - Pensa no palco e nos bastidores.
O designer procura compreender os problemas que são visíveis e que sofrem interação dos usuários, mas também se preocupa com os sistemas e processos que estão por baixo da superfície. Uma das características mais fortes é sua capacidade de atuar em equipes interdisciplinares. - Pensam em “inovação aberta”.
É fundamental ampliar o espectro de solução para alavancar a criatividade de todas as pessoas envolvidas. Não importa se são engenheiros, técnicos, usuários ou leigos. A contribuição de todos os níveis são fundamentais. - Pensam no futuro.
Nunca estão satisfeitos com o status quo e vivem perguntando como as coisas poderiam ser. A função do designer é ir além das fronteiras.
Glamour vs embelezador
Por um lado, confundir um designer com alguém que “deixa bonito” ou “enfeita” um produto, é reducionista. Não adianta chamar um arquiteto pra “enfeitar” um prédio depois que já estiver construído. Ou um especialista para “ajeitar as coisas” depois que um aplicativo já tiver sido programado. Isso causa desperdício devido ao trabalho que precisa ser refeito e, certamente, a insatisfação do usuário. Por outro lado, parece que existe um certo glamour em ser designer, o que faz com que as pessoas achem que é mais que uma profissão: seria um estilo de vida de ricos e famosos. Isso confunde e induz aquele olhar de perplexidade que falei no início. O que mesmo você faz?
É importante que todos saibam o que é ser designer. Todos somos designers quando desenhamos nosso futuro, percebemos pequenos detalhes, não estamos satisfeitos e buscamos sempre melhorar.