Em 1986, meu primeiro emprego foi como analista de tendências na Incepa, Indústria Cerâmica Paraná. Minhas atribuições incluíam monitorar inúmeras empresas produtoras de decoração, não só na área de cerâmica, mas tecidos, móveis e decoração em geral. Uma das tarefas mais divertidas era montar dioramas com os temas que os estilistas estavam usando para se inspirar e a partir destes chegar a conclusão de quais cores seriam o carro chefe para os próximos cinco anos. Não era um trabalho aleatório. As informações eram tabuladas e pesadas para chegar às conclusões e por causa disto a Incepa saía na frente e ditava a moda decoração na área de cerâmica daquela época.
Quando é que algo é modinha passageira vs uma evolução/revolução?
Para identificar tendências é necessário ter uma quantidade significativa de dados. É importante descrever e visualizar estes dados de alguma forma para conseguir identificar padrões, ritmos e repetições. As ferramentas estatísticas e visuais permitem colocar uma certa distância entre a gente e o nosso objeto de estudo e ajuda com que façamos observações desapaixonadas e tiremos conclusões menos tendenciosas.
As informações são compiladas e estas conclusões são constantemente buscadas até que geram dados palatáveis e digeríveis como esta comparação na evolução da internet.
A evolução acima é interessante pois é possível identificar pontos em comum com alguns fenômenos que estamos vendo nos últimos tempos:
- Na Educação… ensino hierárquico e doutrinário vs compartilhamento em rede e ensino personalizado
- No Transporte…Taxi vs Uber
- No Turismo…Hotelaria vs AirBnB
- Em desenvolvimento de produtos… desenvolver o produto primeiro vs compreender e ter a experiência que seu cliente vive primeiro.
- Na oferta de serviços…oferecer o que você acha bom para seu cliente vs o que seu cliente quer e participa na criação.
Este conhecimento Web 3.0 das coisas já é notório, público, conhecido de todos. Estas tendências já foram notados, são referidas, respeitadas e aplaudidas, com ou sem merecimento. Na curva de Rogers da “adoção de inovação” já passamos da fase early adpoters. Todos estão estudando e implementando estratégias e táticas para atender e se adaptar a esta realidade. Por isso já passou da hora de começar a monitorar o que os inovadores estão fazendo e recomeçar o ciclo de adaptação.
Como agir em relação às tendências?
Isso não significa que temos que pular no primeiro carro que passa se não estivermos seguros. Mesmo porque muitos de nós não somos tão audaciosos ou quem sabe somos cautelosos. Podemos cair e teremos que recomeçar. Sem contar que a maioria do nosso público também não irá adotar a novidade tão rápido. Mas quanto mais eficientes formos em perceber padrões mais ágeis nos tornamos. Precisamos ficar atentos e aceitar rapidamente quando a evolução é inevitável. Do contrário estamos fadados a morrer.
Para citar erroneamente Charles Darwin: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”